Complicações do tabagismo à saúde

Autora: Iris M. Okumura

O tabagismo está relacionado a vários problemas de saúde como câncer, problemas cardiovasculares, odontológicos, respiratórios, etc. Além disso, fumantes possuem maior probabilidade de apresentar transtornos mentais como distúrbios de humor, ansiedade e outras doenças psiquiátricas (como esquizofenia e bipolaridade)³.

Muitas pessoas recorrem ao hábito de fumar na tentativa de regular sintomas negativos das doenças mentais, por exemplo, ter a sensação de diminuir ansiedade. Contudo, isso gera um círculo vicioso que alimenta a ansiedade, prolongando-a, ao invés de amenizar e tratar o sintoma. A dependência da nicotina é maior entre pessoas com transtornos de ansiedade (em comparação à população sem diagnóstico de doença mental), cerca de 31,5% de indivíduos com fobia social e 54,6% com transtorno de ansiedade generalizada são fumantes³.

Sabe-se que tabagismo é um fator de risco para a progressão da Doença Renal Crônica³, em geral, por provocar inflamações e afetar a vascularização do corpo¹. Sintomas de ansiedade, depressão e má qualidade de sono são relacionados à DRC  e, nesse contexto, são mais prevalentes entre mulheres, pessoas com índice de massa corporal maior que 28 e fumantes ativos².

Quando já existe um quadro psicopatológico, as pessoas têm maior dificuldade em cessar o tabagismo. Principalmente porque no período desafiador da abstinência, a pessoa pode sentir com maior intensidade o humor deprimido, insônia e irritabilidade devido às mudanças neuroquímicas no organismo que reage para se adaptar a um novo funcionameno, sem o estímulo dos compostos químicos. Parar de fumar melhora a saúde mental e está relacionada à melhora da função renal, ainda que não impessa a progresão da DRC¹.

Estratégias para cessar o tabagismo⁵:

• Identifique as causas de estresse na sua vida e que te levam a fumar – preocupação com trabalho, dinheiro, nervosismo com o trânsito… Procure novas maneiras para lidar com elas, que não seja fugir para o cigarro.
• Realize atividade física (caminhada, pilates, musculação) para ajudar a lidar com os sintomas de abstinência.
• Pratique técnicas de relaxamento como massagem, um banho quente e exercícios de respiração profunda.
• Limite o contato com fumantes, especialmente nas primeiras semanas em que se propõe a parar de fumar. Não compre, leve e nem segure cigarros para outras pessoas.
• Concentre-se nos benefícios conquistados ao deixar de fumar. Para a saúde: menor risco de doenças cardíacas, câncer de pulmão, por exemplo. Para o bolso: quanto dinheiro deixará de gastar em seis meses? Você pode se presentear com esse valor.
• Lembre-se que os sintomas são passageiros!

Atenção! O hábito nocivo do tabagismo inclui: cigarros, charutos, cachimbos, narguilé. O cigarro faz mal para quem fuma e para quem está ao lado do fumante.

O tratamento requer interesse e pró-atividade do fumante, intervenção por uma equipe multidisclinar e tomada de medicamento(s). O SUS também oferece programas para cessação do tabagismo em Unidades Básicas de Saúde. Informe-se do posto mais próximo da sua residência!

Referências:

1. Elihimas Júnior, U. F., Elihimas, H. C. dos S., Lemos, V. M., Leão, M. de A., Sá, M. P. B. de O., França, E. E. T. de ., Lemos, A., Valente, L. M., & Markman Filho, B.. (2014). Tabagismo como fator de risco para a doença renal crônica: revisão sistemática. Brazilian Journal of Nephrology, 36(4), 519–528. https://doi.org/10.5935/0101-2800.20140074

2. Huang, J., Mao, Y., Zhao, X., Liu, Q., & Zheng, T. (2023). Association of anxiety, depression symptoms and sleep quality with chronic kidney disease among older Chinese. Medicine, 102(43), e35812. https://doi.org/10.1097/MD.0000000000035812

3. Minichino, A., Bersani, F. S., Calò, W. K., Spagnoli, F., Francesconi, M., Vicinanza, R., Delle Chiaie, R., & Biondi, M. (2013). Smoking behaviour and mental health disorders–mutual influences and implications for therapy. International journal of environmental research and public health, 10(10), 4790–4811. https://doi.org/10.3390/ijerph10104790

4. National Kidney Foundation. (2002). K/DOQI clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification, and stratification. Am J Kidney Dis;39:S1-266. 5. Unimed. https://www.unimednortepaulista.com.br/fotos/arquivos/1454502443-cartilha2.pdf