Autor: Jhonathan R. Andrade e Iris M. Okumura
Complicações decorrentes de uma doença podem gerar aversão ao tratamento. Pacientes em terapia dialítica, por exemplo, experienciam cãibras, frequentemente precedidas por hipotensão arterial, resultando em dores intensas devido às contrações musculares involuntárias1. Além disso, a artralgia, conhecida como dor nas articulações, é observada em 70% desses pacientes e cuja prevalência aumenta com a extensão do tratamento2,3.
Releva-se a importância do monitoramento da intensidade da dor realizado pela equipe multiprofissional (enfermeiros, médicos, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais)4 e, por conseguinte, a importância do acompanhamento psicoterapêutico visando a melhoria da saúde e do bem-estar geral.
O psicólogo pode contribuir na interação entre o paciente, local de tratamento e a equipe, auxiliar na compreensão do tratamento e da doença. Uma interação eficaz possibilita melhor suporte aos pacientes com insuficiência renal crônica (IRC)5.
Dentre as intervenções psicológicas no tratamento da dor crônica, destaca-se a Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT)6, a qual promove a aceitação psicológica e emocional da dor, em vez de lutar contra ela. Essa abordagem busca desenvolver a flexibilidade psicológica e ajudar os pacientes a se comprometerem com valores significativos, mesmo diante da dor persistente. Aceitar não é assumir uma postura passiva, mas sim uma estratégia para construir uma relação mais saudável e flexível com a dor crônica.
A ACT integra técnicas de mindfulness, aceitação e compromisso com mudanças comportamentais. Oferece uma perspectiva holística para gerenciar melhor a dor crônica, fornecendo estratégias psicológicas e comportamentais e, assim, melhorar a qualidade de vida.
A Terapia da Aceitação e Compromisso não tem como objetivo eliminar a dor, mas sim facilitar uma adaptação mais saudável e flexível diante dela. Nesse contexto, buscar a orientação de um profissional de saúde mental pode ser altamente benéfico. Abaixo estão algumas maneiras pelas quais a ACT pode ajudar no manejo da dor crônica7:
Ressalta-se o papel do psicólogo no suporte emocional e para a promoção da adesão ao tratamento às doenças crônicas, proporcionando estratégias psicológicas e comportamentais adaptativas aos desafios enfrentados pelos pacientes.
1Frazão, C. M., Medeiros, A. B., Silva, F. B., Sá, J. D., & Lira, A. L. (2014). Nursing diagnoses in chronic renal failure patients on hemodialysis. Acta Paul Enferm, 27(1), 40-43.
2Foissac-Gegoux, P., Flipo, R. M., Hardouin, P., et al. (1986). Current aspects of the osteoarticular pathology of hemodialysis patients. Results and discussion of a rheumatological survey. Nephrologie, 7, 157-163.
3Kay, J.; & Hano, J. (2003). Doenças musculoesqueléticas e reumatológicas. In: Daugirdas J, Blake P, Ing T. Manual de Diálise, 3ª ed. Belo Horizonte, Medsi.
4Marques, V. R., Benetti, P. E., Benetti, E. R. R., Piovesan Rosanelli, C. L. S., Colet, C. F., & Stumm, E. M. F. (2016). Avaliação da intensidade da dor de pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico. Revista Dor, 17(2).
5Pascoal, M., Kioroglo, P. S., Bruscato, W. L., Miorin, L. A., Sens, Y. A. d. S., & Jabur, P. (2009). A importância da assistência psicológica junto ao paciente em hemodiálise. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 12(2).
6Hughes, L. S., Clark, J., Colclough, J. A., Dale, E., & McMillan, D. (2017). Acceptance and Commitment Therapy (ACT) for Chronic Pain: A Systematic Review and Meta-Analyses. Clinical Journal of Pain, 33(6), 552-568. https://doi.org/10.1097/AJP.0000000000000425
7Hayes, S. C., Strosahl, K. D., & Wilson, K. G. (2021). Terapia de Aceitação e Compromisso: O Processo e a Prática da Mudança Consciente (p. 336). ArtMed.
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