Cotidiano

Setembro Violeta • Vamos falar de Alzheimer?

Autora: Iris M. Okumura

O Mal de Alzheimer é uma das doenças que podem causar demência e ganhou destaque na mídia com o aumento do envelhecimento da população e a incidência de diagnósticos. Todo caso de Alzheimer é uma demência, mas nem toda demência é Alzheimer.

O documentário “Alzheimer: Esperança para Amanhã, Ajuda para Hoje” (“Alzheimer’s: Hope For Tomorrow, Help For Today”), lançado em 2014 nos EUA, traz informações sobre a prevalência e as formas de lidar com a doença. Acredita-se que há muitas pessoas não diagnosticadas. Cerca de 50% das pessoas com demência não procuram ajuda, como uma normalidade sobre os sintomas de esquecimento e confusão, sem saber se precisaria de um tratamento específico.

Paira um estigma sobre a doença, na não aceitação de que a própria pessoa ou o familiar querido possui uma demência; mas quanto antes for descoberto, melhor as possibilidades de acompanhamento e controle. Conhecer os sintomas nos faz pensar em nós mesmos e também naqueles que amamos. Torna-se importante discutir sobre o plano de tratamento, sobretudo como se gostaria de viver tendo o diagnóstico de Alzheimer. Cabe ao paciente e à família terem uma conversa, se possível, quando o paciente ainda mantém a lucidez, para que possa colocar o que gostaria ou não até seus últimos dias de vida.

Com o avançar da doença, pode ocorrer também o distanciamento da família. Por ser uma condição que afeta todo o sistema cerebral, muitos familiares relata não conhecer a pessoa. Fica complicado reagir e se relacionar com a mesma afetividade quando não há a mesma correspondência. Por isso, é importante tentar separar o que é uma manifestaçã da pessoa e o que é da doença.

É difícil delimitar as causas dessa doença, porém, o avançar da idade é um fator importante, pois a probabilidade de desenvolver essa demência é de 1 a cada 9 pessoas acima de 65 anos e 1 a cada 3 idosos acima de 85. Ainda, algumas pessoas mais jovens podem ser diagnosticadas (entre 50 e 60 anos) e por se manifestar antecipadamente, acredita-se também que haja algum componente genético.

Destroi células correspondentes à memória, ao pensamento, razoalibilidade e ao comportamento. Apesar das mudanças reacionais da pessoa, não se trata de uma desordem mental, mas primeiramente física.

Dentre as principais informações apresentadas no documentário, destacam-se:

  • Mulheres tem até duas vezes mais probabilidade de desenvolver a doença, pois em geral, possuem maior expectativa de vida que os homens;
  • Há muitas terapias medicamentosas que ajudam a retardar o avaço da doença (apesar de muito estudo ainda estar em andamento);
  • Pessoas com Alzheimer estão vulneráveis a sofrerem golpes ou abuso, sendo necessária a atenção e preparo para identificar situações de risco;
  • Muitos pacientes e familiares não procuram ajuda. Quando o fazem a doença já se encontra em estágio mais avançado;
  • O cuidador não está sozinho, é possível pedir suporte em associações e grupos de apoio, por exemplo;
  • Existe um instituto norteamericano de apoio aos cuidadores, inaugurado pela ex-primeira dama: Roselyn Carter Caregiver Institute (No Brasil, é possível contatar a Associação Brasileira de Alzheimer – ABRAz – e o Asilo São Vicente em Curitiba);
  • Cada vez que exercitamos o cérebro criamos um traço de memória. Usar o cérebro, é também, estar socialmente envolvido.

Fonte: shutterstock.com

** 10 sinais mais comuns que podem ajudar a identificar precocemente a Doença de Alzheimer:

  1. Perda de memória que afeta a vida diária – é um dos sinais mais comuns, especialmente para informações e acontecimentos recentes. Exemplo: fica repetitivo, esquece onde deixa os objetos.
  2. Mudança na capacidade de seguir um planejamento, de resolver problemas e de fazer contas. Exemplo: dificuldade em seguir uma receita conhecida ou manter o controle das contas mensais.
  3. Dificuldade para completar tarefas do cotidiano. Exemplo: dificuldade em realizar um trajeto conhecido, usar o telefone, lembrar as regras de um jogo favorito.
  4. Perda de noção de tempo e de espaço. Exemplos: esquecimento de datas, de estações do ano e da passagem do tempo. Não saber onde está ou como chegou a um determinado lugar.
  5. Problemas de percepção visual e compreensão de relações espaciais – esses problemas afetam a capacidade de dirigir. Exemplos: quando a pessoa passa a ter dificuldade em reconhecer as letras durante a leitura, dificuldade em calcular distâncias e determinar uma cor ou definir uma determinada imagem.
  6. Dificuldade em acompanhar ou participar de uma conversa. Exemplos: parar no meio de uma conversa sem ter ideia de como continuar ou repetir a mesma coisa mais de uma vez; dificuldade em encontrar a palavra certa ou errar o nome de objetos.
  7. Facilidade em perder coisas e ser incapaz de encontrá-las novamente. Exemplos: guardar objetos em lugares inusitados e acusar outras pessoas de roubo quando não consegue encontrá-los.
  8. Mudança na capacidade de julgar ou tomar decisão. Exemplos: perder o discernimento quanto ao uso de dinheiro, quanto à forma de se vestir e ao asseio.
  9. Tendência em evitar o convívio social, faltar ao trabalho ou deixar de praticar esportes. Exemplos: sair do time de futebol favorito ou desistir de um passatempo preferido.
  10. Mudanças de humor e personalidade. Exemplos: confusão mental, desconfiança, depressão, medo ou ansiedade.

“É importante saber qual é a doença que a pessoa que você ama tem, mas tão importante quanto, é conhecer a pessoa que tem a doença.”

* Recomendação de documentário sobre a percepção da família de Hermógenes Siebra, professor de português cearense: https://www.youtube.com/watch?v=ocqWDWrE5X8.

** Campanha promovida pelo Instituto Alzheimer Brasil (IAB).

*** Recomendação de livro com reflexões sobre a vida e processo de envelhecimento. Canja de galinha para alma: Histórias para aquecer o coração pelos próximos vinte anos. (Jack Canfield, Amy Newmark, Mark Victor Hansen).

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