Textos Reflexivos

E quando a Psicologia se faz presente dentro da sala de hemodiálise…

Imagem: Conhecendo Ser

Por: Ludiana Cardozo Rodrigues

Quando se refere em Psicologia, grande parte das pessoas pensa no modelo de atendimento da Psicologia clínica, que confirmam o reforço de estereótipos e a hegemonia de um modelo de atuação. E quando a Psicologia se faz presente dentro da sala de hemodiálise, como se configura esse atendimento psicológico?

Dentro de uma unidade de hemodiálise, o psicólogo deve promover a integração entre o paciente, seus familiares e a unidade de hemodiálise (que pode ser numa clínica ou hospital), proporcionando acolhimento, reflexões e escuta de algo tão delicado, que é de alguém que depende uma máquina para viver. Se para o psicólogo clínico, o seu espaço está bem delimitado, aqui transcende o espaço físico e nos aproximamos de um lugar mediante situações diversas e peculiares. E aí teremos uma interface de atuação de duas especialidades da Psicologia: saúde e hospitalar.

Neste sentido, o psicólogo que atua em uma unidade de hemodiálise procura ser o intermediário dos diálogos psicológicos, buscando atingir a compreensão das relações entre pacientes/equipe, equipe/pacientes, pois muitas vezes a angústia do paciente renal crônico refere-se há um sofrimento muitas vezes não nomeado, e que este espaço da escuta do psicólogo fará toda a diferença.

O mais interessante é que o paciente se apropria desse espaço, criado simbolicamente junto com o psicólogo, ali no meio de máquinas e com a atuação de toda uma equipe. São histórias sigilosas que são pausadas, pela aproximação de um profissional que irá administrar um medicamento, mas que o paciente não entende como interferência. São dores proporcionadas pelas agulhas, são braços esticados para verificação da pressão, acolhidos pelo olhar do psicólogo, entrelaçando e construindo o vínculo psicoterapêutico. Nesta configuração vai surgindo a atuação do psicólogo, que irá buscar aliviar o sofrimento, propiciando um espaço para o paciente falar de si, da família, do cotidiano, dos medos e fantasias. Para a psicologia é vivência do paciente em relação à doença e os significados que são atribuídos a ela, que dizem que rumo os processos irão seguir. Assim como o sangue que entra e sai das máquinas, a escuta psicológica também filtra e acolhe as “impurezas” doloridas da angústia de um paciente, lembrando que este espaço não será delimitado e será sempre de constante construção.

Comunicação – Fundação Pró-Renal

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