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Por: Jéssica Caroline dos Santos
(..) Espelho, espelho meu existe alguém mais bela do eu? Essa clássica frase nos remete ao filme: Branca de Neve e os Sete Anões que foi compilado pelos Irmãos Grimm no século XIX. A estória descreve que uma rainha consultava o seu espelho mágico para saber quem era a mulher mais bonita, a resposta sempre remetia a sua própria imagem, até nascer a Branca de Neve. O drama do conto de fadas se desenvolve a partir dessa fixação pela própria magnitude.
O século XXI é marcado pela fixação dos corpos perfeitos, a ditadura da beleza e ao horror quanto o processo de envelhecimento. Ambos os temas altamente debatidas na sociedade procuram uma conscientização. Neste sentido, existem pessoas que vivenciam uma preocupação excessiva com alguma alteração, defeito corporal. Ao contrário do conto de fadas, ao olhar-se no espelho visualizam imagens distorcidas da realidade que vivenciam, causando um profundado sofrimento. Segundo o DSM-5 os sintomas acima podem predizer sobre o Transtorno Dismórfico Corporal que se caracteriza pela seguinte forma: preocupação com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na aparência física; comportamentos repetitivos para verificar-se no espelho, arrumar-se excessivamente, beliscar a pele, buscar tranquilização ou atos mentais; a preocupação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; não pode ser explicada de acordo com a clínica dos transtornos alimentares.
Diante a sintomática apresentada, para lidar com as distorções corporais e alcançar um corpo perfeito, os indivíduos buscam meios para corrigir essas “supostas falhas”, que muitas vezes não são visíveis aos outros. Para além da cirurgia plástica, excessivas horas em academias, musculação, dietas perigosas, esses indivíduos podem apresentar comportamentos de risco realizando o consumo de substâncias conhecidas como “esteroides anabolizantes”.
Segundo o estudo de Garcia et al., (2018) o uso dessas substâncias associados a outros elementos clínicos podem favorecer a insuficiência renal. Diante desse contexto, dependendo do grau de comprometimento renal, os pacientes podem ser encaminhados ao tratamento dialítico, para substituir as funções dos rins.
Independente do prejuízo funcional causado pela insuficiência, esses indivíduos podem vivenciar, a quebra do seu espelho imaginário, aquele ideal de eu é desfeito. O corpo e a alma foram agredidos pela busca incansável da perfeição, o corpo consumado pelas substâncias tóxicas pede socorro.
Nesse momento é importante um processo de reflexão, de validação das questões importantes que permeiam a existência de cada um. O foco precisa ser na retomada do cuidado com a saúde de forma integral e também na qualidade de vida. É necessário um equilíbrio diante as demandas das questões internas e externas. O que o corpo e a alma querem é serem cuidados e respeitados dentro da sua própria subjetividade. A perfeição advém do rigoroso processo de cuidar de nós mesmos.
Referências:
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
GARCÍA, Enoc Merino et al. Consecuencias renales del uso de esteroides anabolizantes y práctica de culturismo. nefrologia, v. 38, n. 1, p. 101-103, 2018.
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