Por: Jéssica Caroline Santos
Usualmente correlacionamos a prática do cuidado paliativo (CP) em pacientes com câncer, principalmente nos estádios mais avançados. No entanto, essa forma de pensamento já foi reavaliada e pacientes com outros tipos de adoecimento também estão sendo beneficiados com as práticas propostas pelo cuidado paliativo. Citamos por exemplo as doenças neurodegenerativas, crônicas como a doença renal representadas pelos estádios 04 e 05.
Neste sentido, os cuidados paliativos é uma abordagem que aprimora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual (OMS, 2002).
As atuais discussões apontam, segundo Carvalho e Parsons (2012), que o cuidado paliativo não se baseia em protocolos, mas sim em princípios. Os autores descrevem que não se fala mais em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida. Indica-se o cuidado desde o diagnóstico, expandindo nosso campo de atuação. Defendem em não falar sobre a impossibilidade de cura, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, desta forma afastando a ideia de “não ter mais nada a fazer”. Pela primeira vez, uma abordagem inclui a espiritualidade dentre as dimensões do ser humano. A família é lembrada, portanto assistida também.
Gomn et al., (2009) sugerem que o termo “cuidados no final da vida em doença renal avançada” pode ser usado para englobar o apoio a pessoa em cuidados paliativos que precisará ao longo de um determinado período, podendo variar entre algumas semanas, meses ou até anos. O cuidado é prestado para aquelas pessoas com doença renal avançada independentemente da modalidade de tratamento. Os cuidados inclui a gestão da dor e outros sintomas, atendimento psicológico, apoio social e espiritual.
Os autores acima reforçam que os cuidados paliativos são ações de cuidados holísticos para pacientes com doença renal avançada e progressiva, proposto pela equipe multiprofissional. O manejo da dor e outros sintomas e assistência psicológica, apoio social e espiritual é fundamental. O psicólogo irá trabalhar as questões advindas do adoecimento, buscando estimular os mecanismos de enfrentamento e rede de apoio familiar e social. Nesse contexto também surgem as demandas relacionadas a espiritualidade. O objetivo dos cuidados paliativos é a conquista da melhor qualidade de vida, sentimento de bem estar dos pacientes e das suas famílias. Muitos aspectos dos cuidados paliativos também são aplicáveis no início do curso da doença em conjunto com outro tratamento.
Os cuidados paliativos podem ser aplicados a todas as pessoas com doença renal avançada. Este termo predominantemente refere-se àqueles que estão na fase 4 ou no estágio 5 da doença renal crônica (DRC), seja em terapia de substituição renal, ou que esteja sendo preparado para este tratamento, tendo optado ou não por realizá-lo.
Para realizar uma avaliação do sintomas de sono, dor, indisposição física, nutrição, ansiedade, depressão dentre outros é possível utilizar a escala de Avaliação de Sintomas Edmonton. O autor Ribeiro (2012), utilizou a escala em doentes crônicos, englobando a população renal crônica. O autor critica a ausência de avaliação nos registos da equipe de saúde dos sintomas avaliados pelo instrumento como o nível de dor, indisposição física, cansaço, sonolência entre outros.
Trata –se de um dado alarmante e revela a falta de acolhimento, atenção dada ao tratamento e manejo integral destes pacientes. Considerando que a formação em cuidados paliativos e a implementação de escalas de avaliação sintomáticas são medidas urgentes para adotar em unidades que anseiam o sucesso no cuidar e na qualidade de vida dos pacientes com doença renal avançada.
Vídeo ilustrativo sobre o processo do “morrer”.
Referências:
Carvalho, R. T; Parsons, H. A. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2ª edição, 2012.
Ribeiro, A. S. S. Controle de sintomas em cuidados paliativos num serviço de medicina interna.[Dissertação], Lisboa, 2012.
Stephanie Gomm e et., al. End of life care in advanced kidney disease: a framework for implementation. 2009; p.13.
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