Autora: Iris M. Okumura
Viver implica em nos depararmos com impasses, dúvidas e situações que dificultam uma tomada de decisão positiva e segura. Em momentos de desespero por não saber o que fazer, muitas pessoas tendem a se isolar e a pressão por precisarem resolver um conflito sozinhas se torna uma grande carga. A vontade de sumir, desaparecer pode surgir como uma solução para não lidar mais com o sofrimento.
“E se tudo acabasse?”, é um pensamento que dificulta enxergar que a vida também engloba outras relações, lugares, possibilidades e recomeços.
Com o objetivo de prestar atenção e apoio às pessoas em risco de atentado à própria vida, foi criado o Setembro Amarelo. Idealizado em 1994 por familiares e amigos de Michael Emme, um jovem norte-americano que cometeu suicídio aos 17 anos de idade. Foi relatado que Mike tinha um Mustang 68 amarelo que serviu de inspiração para a cor da campanha. A primeira ação do “Yellow Ribbon” (laço amarelo) foi marcada pela distribuição de fitas amarelas com a mensagem “Peça ajuda”. Mesmo cercado por uma boa rede de apoio, não houve tempo ou meios para que conseguisse conversar e lidar com suas dificuldades psicológico-emocionais. Por isso, falar e compartilhar os problemas é incentivado para que a pessoa não sofra sozinha.
O programa “Yellow Ribbon” divulga que o laço amarelo representa a linha da vida entre quem precisa e quem fornece ajuda. Linha da vida significa o fio que liga a pessoa com ideação ou em tentativa de suicídio ao mundo, mantendo a vida. Assim como falar é importante, conseguir escutar e estar com a pessoa também são!
No Brasil, a campanha de conscientização e prevenção sobre o suicídio teve início em 2015 com a parceria do Centro de Valorização da Vida, Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina. Possui ênfase durante o mês de setembro, porém não estigmatizar e permitir falar sobre o tema precisa sempre ser lembrado, já que é a 4ª maior causa de morte no mundo (OMS, 2021) e estima-se que a cada dia 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Ao passo que houve aumento de 17% na taxa de mortalidade por suicídio no continente Americano nos últimos 20 anos, constatou-se queda – de 17% a 47% de decréscimo – na taxa mundial ao longo do mesmo período (OMS, 2021).
Os contextos de vida e motivos que levam a essas diferenças estatísticas podem ser amplamente discutidos, mas um dos focos é que falar sobre sentimentos e pensamentos negativos não necessariamente intensificam o desgosto pela vida. No Brasil, as campanhas de prevenção ganharam maior engajamento há menos de uma década. Ou seja, ainda há esforços a serem investidos para desmistificar o assunto e apresentar meios às pessoas buscarem por ajuda, bem como instrumentalizar profissionais da saúde e a população em geral a proporcionarem ajuda.
Fonte: setembroamarelo.org.br
Falar possibilita olhar atentamente aquilo que incomoda, permite conhecer o que envolve o sofrimento e encontrar formas para contornar ou até resolver os problemas. O caminho por onde começar pode ser obscuro, mas não representa o fim. Recomeçar pode ser custoso, mas a cada tentativa pode-se estar mais apto a atravessar os obstáculos.
*Procure compartilhar e estar cercado por amigos, familiares, pessoas de bom convívio e confiança. Em caso de emergência busque por atendimento no Centro de Valorização da Vida (Ligue 188 | https://www.cvv.org.br/), nas UPAs e postos de saúde mais próximos da sua casa. Busque por profissionais da saúde, acompanhamento e tratamento à saúde mental.
**Conheça mais sobre o atendimento psicológico ao público na Fundação Pró-Renal: https://www.pro-renal.org.br/o-que-fazemos/clinica-popular/
***Confira a postagem anterior sobre a campanha do Setembro Amarelo:
Suicídio: O que devemos saber sobre o tema?
Referências
Centro de Valorização da Vida. Falando abertamente sobre suicídio. 2020. https://www.setembroamarelo.org.br/wp-content/uploads/2020/08/af_cvv_cartilha-suicidio_a4-2020.pdf
Organização Mundial da Saúde. Suicide worldwide in 2019. https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2021-uma-em-cada-100-mortes-ocorre-por-suicidio-revelam-estatisticas-da-oms
Setembro Amarelo. https://www.setembroamarelo.org.br/
Yellow Ribbon. Suicide Prevention Program. https://yellowribbon.org/
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