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Por: Jéssica Caroline dos Santos
O Brasil está de luto. No dia 25/01/2019 uma barragem de rejeitos de minério rompeu em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte. O resultado foi um dos maiores desastres ambientais que o país já vivenciou, são 150 mortes confirmadas, além de 182 desaparecidos até o presente momento (G1 – Jornal Globo Minas Gerais, 2019).
Além disso, o “tsunami” de lama destruiu casas, rios, animais, por onde passou deixou um rastro agressivo e insalubre ao meio ambiente. A dor, sofrimento e a revolta fazem parte do cotidiano dos familiares das vitimas dessa tragédia. O luto pela morte dos familiares, a expectativa de poder velar o corpo e finalmente se despedi dos entes queridos não é uma realidade para todos. Diante um ambiente revestido de sofrimento qual seria o papel dos Psicólogos com esses familiares? O que fazer com essas lágrimas de lama derramadas pelas vítimas e seus familiares?
Neste contexto, as respostas podem ser encontradas na Psicologia das emergências e desastres, esta ciência teve seu desenvolvimento a partir de parcerias com a defesa civil. As mudanças climáticas, ambientais, a transição do campo para as cidades, falta de políticas publicas resultou em um estágio avançado de deterioração das condições de vida do homem moderno. Desse modo, necessitando de mecanismos de autoproteção social e melhor aproveitamento dos recursos públicos na prevenção de desastres. Estes podem ser naturais ou provocados pelo homem, resultando em um grande número de mortos ou feridos (MELO e SANTOS, 2011).
Desse modo, a Psicologia intervém proporcionando acolhimento, trabalhando estratégias de enfrentamento e fortalecimento dos recursos psíquicos, para que as vitimas e seus familiares possam responder ao evento e as consequências deste. As ações ocorrem na comunidade juntamente com a defesa civil e outros profissionais, buscando promover o protagonismo social (FARIAS et al., 2012; ).
Para Melo e Santos (2011), o tratamento é direcionado principalmente para as consequências psicológicas vividas por um indivíduo, por uma comunidade ou cidades inteiras. Pensando no desastre de Brumadinho, destacamos os transtornos depressivos, ansiosos, estresse pós traumático dentre outros. As imagens do incidente carregadas de sentimentos serão relembradas conforme o tempo psíquico de cada um. Além dos sintomas destacados acima, estes indivíduos poderão vivenciar problemas relacionados ao sono, alimentação, afetivos. As consequências psicológicas são imensuráveis, para, além disso, vivem coletivamente o luto compartilhado com todo Brasil.
Lágrimas de lama é uma metáfora para abordar a expressão do sofrimento pelas vítimas da tragédia em Brumadinho. O choro é uma forma de trabalhar as emoções vivenciadas, não deve ser calado, mas, acolhido. Assim, os Psicólogos presentes estão realizando um papel importante na vida dessas pessoas. É preciso proporcionar um lugar, um sentido para a dor experienciada. A escuta qualificada, olhar humanizado, orientações, promoção da autonomia dessa comunidade viabiliza novas reflexões e ressignificações.
O tempo de elaboração dessa experiência é subjetivo a cada um, não é algo que será superado, mas suportado. Serão longos anos de trabalho Psicológico, esperamos que a tragédia possa denunciar a realidade que outras comunidades vivenciam com as barragens de rejeito de minério e assim, propor soluções para que novas lágrimas de lama não precisem ser derramadas.
Referências:
FARIAS, Liamar Cristina; SCHEFFEL, Rossmeyri Thaís; JUNIOR, Júlio Schruber. Atuação do psicólogo nas emergências e desastres. 2012. Monografia – Faculdade Guilherme Guimbala, Joinville, Santa Catarina.
MELO, Cecilia Araujo; SANTOS, Felipe Almeida dos. As contribuições da psicologia nas emergências e desastres. Psicólogo informação, v. 15, n. 15, p. 169-181, 2011.
G1, Jornal Globo Minas Gerais. Brumadinho: número de mortes confirmadas chega a 150. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/02/06/brumadinho-numero-de-mortes-confirmadas-na-tragedia-chega-a-150.ghtml. Acessado em 07/02/2019.
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