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Por: Jéssica Caroline Santos
O diagnóstico de uma doença crônica ou aguda traz consigo inúmeras reflexões e transformações. O processo do luto se instaura em suas fases. É perfeitamente natural questionamentos acerca da falha no autocuidado, culpa ou negligencia com os próprios sintomas do corpo. No entanto é preciso uma releitura que ultrapasse a dimensão da culpa e auto recriminação.
Neste sentido, para além do entendimento da doença como um problema físico é preciso um questionamento mais profundo acerca das próprias vivências Psicológicas que o individuo carrega consigo. O objetivo não é somente estabelecer uma causa psicossomática, questionamentos sobre estilos de vida, personalidade e outros eventos de forte impacto Psicológico. O intuito é para, além disso, estabelecer um diálogo com o próprio sintoma.
Transformar o sintoma em uma imagem com a possibilidade de estabelecimento de um diálogo. Buscar entender o que aquele sintoma está querendo dizer, tão somente para aquele que o sente. Parece uma tarefa difícil quando pensamos no curso de uma cultura racionalista e materialista, no entanto, quando não compreendido esse processo, o sintoma em alguns casos parece comandar e ter condições próprias para gerenciar a vida daquele individuo doente.
O autor Kreinheder (1993), vivenciou esse processo após o diagnóstico de “Melanoma”, observou também outros adoecimentos que sempre o cercavam assim como o pior dos males a “perda da alma”. Em outras palavras a perda da alma significa essa dispersão psicológica que vivemos na modernidade, para o autor buscamos a felicidade em pessoas, bens materiais e deixamos de lado o próprio desenvolvimento do eu, desinvestimos na nossa saúde psicológica.
Desse modo, os sintomas, segundo Kreinheder (1993), provocam uma abertura e literalmente o escancaram para que as coisas de que necessitamos possam fluir. Neste sentido, o autor descreve uma importante contribuição a este processo.
“Quando você fica doente” é como se tivesse sido escolhido ou eleito não para ser limitado ou inválido, mas para ser curado. A doença sempre trás consigo a própria cura e a cura da sua personalidade como um todo. Se tomar para si a nova experiência e a conservar, com a dor, o medo e todas as imagens que os acompanham, será curado e alcançara uma plenitude muito além da pretensa saúde que tinha antes (Kreinheder, 1993 pg 52).
A cura não está na remissão dos sintomas, objetivando um retorno a um estado de normalidade anterior. Mas sim, numa reflexão acurada da vivência psicológica, social, espiritual que o sintoma proporcionou. Quais os direcionamentos de vida que precisam ser repensados, o que é realmente importante diante a fragilidade do estar vivo. O que o sintoma quer da pessoa que o carrega? Em muitos casos é necessário a ajuda de um profissional da Psicologia para acompanhamento desse processo, sendo por vezes dolorido, mas revelador.
Desse modo, é possível pensar em mudanças de vida para se adaptar a nova condição e estabelecer um dialogo amigável com o sintoma que ao mesmo tempo é a expressão do nosso próprio modo de ser no mundo.
Referência bibliográfica:
KREINHEDER, Albert. Conversando com a doença. Grupo Editorial Summus, 1993.
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