Fonte da imagem: Cartilha de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra mulheres
Por: Débora Berger Schmidt
O dia da mulher vem envolvido sempre de pensamentos e questionamentos sobre o “ser mulher”. Há quem milite pela busca de direitos da mulher. Há quem lute por equidade. Há quem diga que é uma data comercial, e há quem a perceba somente como uma oportunidade de manifestações demagógicas….
Talvez de certa forma todos tenham um pouco de razão, porque pensar na mulher e nas suas manifestações já pressupõe a multiplicidade, e as diferentes formas de ser/estar/pensar… não como verdades únicas, estáticas e imutáveis, mas como verdades possíveis de coexistirem.
Não vamos negar as diferenças. A anatomia da mulher é diferente e, por sua vez, o seu desenvolvimento também se difere. Mas acontece que não existe somente uma única forma de ser diferente… e, muito importante ressaltar, ser diferente não é sinônimo de ser inferior.
Até porque muitas das diferenças são reforçadas e até criadas pelo externo. Vamos a um exemplo… Na década de 20, o caso das “meninas lobo” ficou famoso na Índia. Duas irmãs viveram por anos em um grupo de lobos e ao serem encontradas com 2 e 8 anos por um padre, as duas meninas tinham todos os comportamentos de um lobo: hábitos noturnos, andavam com a ajuda das mãos, uivavam, não falavam nem sorriam e não demonstravam comportamentos afetivos.
O caso representa uma ilustração clara da força “do externo” sobre o aparato puramente biológico que é o nosso corpo. Daí a frase tão famosa de Simone de Beauvoir, quase um grito de guerra nas correntes feministas: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Portanto, se ser mulher é “algo construído”, podemos ser quem/o que quisermos, inclusive com comportamentos e atividades ainda socialmente reconhecidas como “masculinas”. E o contrário também é verdadeiro: homens podem ser sensíveis, podem chorar, podem (e devem) cuidar dos filhos e cozinhar! Não há contradição nisso…
Concluindo… que nesse dia e em todos os outros, possamos dar menos ouvidos aos rígidos pensamentos, rótulos e julgamentos que habitam em nós sobre o que é ser mulher e sobre o que é ser homem, e estejamos prontos para aceitar, reconhecer e respeitar as mais genuínas e diferentes formas de ser: mulher, filha, mãe, esposa, funcionária, etc…
“Portanto, proponho que não parabenizemos apenas às mulheres, no sentido daquelas que carregam dois gametas sexuais x, mas que seja um dia de comemoração daquilo que há de feminino! Em homens e em mulheres…!” (Ana Suy)
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