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Por: Luiza Helena Raittz Cavallet
Alexitimia é o termo utilizado para expressar uma condição em que a pessoa apresenta significativa dificuldade para expressar (identificar e descrever) emoções. Além deste fator, alguns outros aspectos são frequentemente relacionados à condição: a dificuldade em distinguir emoções e sensações físicas; a escassez de sonho e incapacidade de simbolizar ou correlacionar afeto e fantasia; e o raciocínio concreto e objetivo, voltado para a realidade externa. (CARNEIRO, YOSHIDA, 2009).
O termo foi sugerido por Sifneos e vem se desenvolvendo enquanto conceito desde a década de 1970. Recentemente, com o desenvolvimento das neurociências, a Alexitimia vem sendo compreendida em uma perspectiva multifatorial e os aspectos biológicos vêm ganhando destaque. Estudos recentes têm indicado que a Alexitimia agrega características afetivas e cognitivas que refletem variações na organização e funcionamento cerebral. (CARNEIRO, YOSHIDA, 2009).
Desde o início do uso do conceito, relacionou-se a Alexitima às doenças psicossomáticas. Com o passar dos anos, foram se modificando as formas de explicar a Alexitimia e sua origem, mas a hipótese de que esta condição estaria relacionada às doenças psicossomáticas permaneceu. A hipótese mais recente aponta para a limitação na comunicação entre hemisférios cerebrais e suas consequências fisiológicas (CARNEIRO, YOSHIDA, 2009).
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O hemisfério direito (HD) processa a informação emocional e não-verbal, enquanto o hemisfério esquerdo (HE) processa a informação verbal e exerce papel de controle inibitório sobre a função excitatória do HD. Na Alexitimia há uma dissociação entre os dois hemisférios, afetando a modulação afetiva, a capacidade de comunicar afetos, de fantasiar e de elaborar as tensões internas e angústias. (CARNEIRO, YOSHIDA, 2009).
Bermond (2003 apud CARNEIRO, YOSHIDA, 2009) propôs uma nova categorização para a Alexitimia, distinguindo-a em tipo I e tipo II. Na Alexitimia tipo II apenas os componentes cognitivos das emoções estariam prejudicados (e não os componentes afetivos) e, neste caso, a Alexitimia estaria associada às doenças psicossomáticas. A disfunção seria no corpo caloso, que possibilita a integração e transmissão de informações entre os dois hemisférios. Quando não há disfunção no componente afetivo (caso da Alexitimia tipo II), há a vivência emocional acompanhada das respostas autonômicas correspondentes, mas não ocorre a interpretação ou elaboração cognitiva da emoção vivida nem da excitação autonômica presente. Devido à essa falta de comunicação entre hemisférios, os componentes afetivos dos estímulos emocionais são enviados diretamente do sistema límbico ao HE que, por não conseguir interpretar adequadamente, nem inibir e nem controlar as respostas fisiológicas autonômicas faz interferências incorretas. A incapacidade de modular as emoções corretamente devido à falta de integração das informações processadas em cada hemisfério é o que associa a Alexitimia às doenças psicossomáticas.
“Larsen e cols. (2003) acrescentam que, quando as respostas autonômicas não são inibidas ou controladas, tornam-se desreguladas, crônicas e desencadeiam níveis elevados de adrenalina e noradrenalina no organismo. O sistema imunológico, enfraquecido, facilitaria a ocorrência das doenças ‘(psico)somáticas’ (p. 538).” (apud CARNEIRO, YOSHIDA, 2009)
Carneiro e Yoshida (2009) ponderam que os estudos que avaliam estas hipóteses foram realizados em ambiente controlado, o que limita sua generalização para situações complexas da vida. Além disso, outros importantes fatores devem ser considerados na análise da capacidade de compreensão e expressão de emoções, tais como aspectos culturais, escolaridade e fatores econômicos.
Além das doenças psicossomáticas, a Alexitimia vêm sendo associada à dependência de substâncias químicas, altos níveis de ansiedade, depressão, hipertensão essencial, dor pélvica, transtorno de pânico, estresse pós-traumático, enfermidades inflamatórias intestinais, entra outras condições. (CARNEIRO, YOSHIDA, 2009).
O estudo de Pregnolatto (2005) evidenciou correlação entre a Alexitimia e a Doença Renal Crônica. A autora utilizou a Escala de Alexitimia de Toronto (TAS) e a Escala de avaliação de sintomas (EAS-40) para avaliar 48 Pessoas com Doença Renal Crônica em Hemodiálise em um Hospital Escola de São Paulo. A pesquisa evidenciou altos escores de Alexitimia entre os participantes e obteve correlação estatisticamente significativa entre esta condição e os sintomas psicopatológicos. Pregnolatto (2005) aponta para a necessidade de avaliar estes fatores na população renal, pois tanto a Alexitimia quanto os sintomas psicopatológicos podem influenciar no diagnóstico, no prognóstico e na forma de reação dos pacientes ao seu tratamento.
Referências:
CARNEIRO, B. V.; YOSHIDA, E. M. P. Alexitimia: uma revisão do conceito. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 25, n. 1, p. 103-108, Mar. 2009. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722009000100012.
PREGNOLATTO, A. P. F. Alexitimia e sintomas psicopatológicos em pacientes com insuficiência renal crônica. Dissertação [Mestrado em Psicologia] – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2005.
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