FONTE DA IMAGEM: CHICO ANDRADE
Por: Luiza Helena Raittz Cavallet
O sintoma é um sinal de que algo não vai bem e de que algo precisa ser mais bem compreendido. Na sociedade atual, a prática da automedicação é um hábito comum e um dos fatores que pode contribuir para a progressão da doença renal crônica. A automedicação é uma das formas de “calar” o sintoma (dor, febre, coriza etc) sem necessariamente compreendê-lo.
Digamos que as causas de uma dor de cabeça de uma determinada pessoa sejam insônia, estresse, baixa ingestão de água e outros hábitos alimentares prejudiciais. Se essa pessoa automedicar-se com analgésicos sem refletir e atuar sobre esses outros fatores, é muito provável que as dores persistam. Se a prática de automedicação for contínua, além das causas dos sintomas originais, a pessoa pode estar contribuindo para o desenvolvimento de novas doenças como problemas no estômago, fígado e rins.
O texto a seguir é um convite para refletir sobre a função dos sintomas em nossas vidas. Ele também levanta a questão sobre a relação entre fatores emocionais e doenças. De diversas formas um sintoma físico e emoções podem estar relacionados. As emoções influenciam diretamente em nossos hábitos de vida e vice versa e estes podem gerar dores, mal estar e doenças. Mas as emoções não influenciam apenas nas causas dos sintomas, elas também podem ser fatores de manutenção e podem gerar ganhos secundários, dificultando o processo de mudança.
Quanto mais investirmos no autoconhecimento, no conhecimento de nosso corpo e de nossos sentimentos, mais poderemos compreender a origem dos sintomas e melhor poderemos agir frente a estes.
“Olá,
Tenho muitos nomes: dor de joelho, abscesso, dor de estômago, reumatismo, asma, mucosidade, gripe, dor nas costas, ciática, câncer, depressão, enxaqueca, tosse, dor de garganta, insuficiência renal, diabetes, hemorroidas e a lista continua. Ofereci-me como voluntário para o pior trabalho: ser o portador de notícias pouco agradáveis para você.
Você não entende, ninguém me compreende. Você acha que eu quero lhe incomodar, estragar os seus planos de vida, todo mundo pensa que desejo atrapalhar, fazer o mal, limitar vocês. E não é assim, isso seria um absurdo. Eu o sintoma, simplesmente estou tentando lhe falar numa linguagem que você entenda.
Vamos ver, me diga alguma coisa. Você negociaria com terroristas, batendo na porta com uma flor na mão e vestindo uma camiseta com o símbolo da “paz” impresso nas costas? Não, certo?
Então, por que você não entende que eu, o sintoma não posso ser “sutil” e “levinho” quando preciso lhe passar uma mensagem. Me bate, me odeia, reclama de mim para todas as pessoas, reclama de minha presença no seu corpo mas, não para um minuto para pensar e raciocinar e tentar compreender o motivo de minha presença no seu corpo.
Apenas escuto você dizer: “Cala-te”, “vá embora”, “te odeio”, “maldita a hora que apareces-te”, e muitas frases que me tornam impotente para lhe fazer entender mas, devo me manter firme e constante, porque devo lhe fazer entender a mensagem.
O que você faz? Manda-me dormir com remédios. Manda-me calar com sedativos, me suplica para desaparecer com anti-inflamatórios, quer me apagar. Tenta dia após dia, me calar.
A minha única intenção é lhe passar uma mensagem, mesmo assim, você me ignora totalmente.
Imagine que sou a sirene do Titanic, aquela que tenta de mil maneiras avisar que tem um iceberg na frente e você vai bater com ele e afundar. Toco e toco durante horas, semanas, meses, durante anos, tentando salvar sua vida, e você reclama que não deixo você dormir, que não deixo você caminhar, que não deixo você trabalhar, ainda assim continua sem me ouvir…
Está compreendendo?
Para você, eu o sintoma, sou “A doença”.
Que absurdo! Não confunda as coisas.
[…]
Eu não sou a doença, sou o sintoma.
Por que me cala, quando sou o único alarme que está tentando lhe salvar?
[…]
É bom se você se sentir incomodado por estar lendo isso, deve ser algo assim como um “golpe na sua inteligência”. Está certo se estiver se sentindo frustrado, mas eu posso conduzir o teu processo muito bem e o entendo. De fato, isso faz parte do meu trabalho, não precisa se preocupar. A boa notícia é que depende de você não precisar mais de mim, depende totalmente de você analisar o que tento lhe dizer, o que tento prevenir.
Quando eu, “o sintoma” apareço na sua vida, não é para lhe cumprimentar, é para lhe avisar que uma emoção contida no seu corpo, deve ser analisada e resolvida para não ficar doente. Deveria se perguntar a si mesmo: “por que apareceu esse sintoma na minha vida”, “que pretende me alertar”? Por que está aparecendo esse sintoma agora?
Que devo mudar em mim?
Se você deixar essas perguntas apenas para sua mente, as respostas não vão levar você além do que já vem acontecendo há anos. Deve perguntar também ao seu inconsciente, ao seu coração, às suas emoções.
Por favor, quando eu aparecer no seu corpo, antes de me adormecer, analise o que tento lhe dizer, verdadeiramente, por uma vez na vida, gostaria que o meu excelente trabalho fosse reconhecido e, quanto mais rápido tomar consciência do porquê do aparecimento no seu corpo, mais rápido irei embora.
Aos poucos descobrirá que quanto melhor analisar, menos lhe visitarei.
Por favor, me deixe sem trabalho.
Ou você acha que eu gosto do que eu faço?
Convido você para refletir sobre o motivo de minha visita, cada vez que eu apareça.
[…]
Atenciosamente,
O Sintoma.”
Autor Desconhecido
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